quarta-feira, 6 de abril de 2011

POESIAS: SEÇÃO IV



MARCAS DE RAZÕES
(Kadjon)


Teus olhos são minha esperança,
Meu ser, meus dias...
Faço um casal de mistérios, de fantasias.
Um castelo com todas as cores da incerteza.

Um anjo, um mendigo, um pássaro,
As águas cristalinas, a natureza em si...
Teus olhos, meus livros, a areia,
Desenhos na areia, marcas de razões,
O vento levou...


PRÓLOGO DE QUIMERAS
(Kadjon)


Corto os meus pulsos pela saudade esquecida,
Sinto todos os erros, os cortes, a inópia...
Sobrevivo dentro dos segundos,
Fincado na areia.

Inventaram regras para embalar os meus sentidos.
Minha quimera chora,
Meus olhos ressecam e há tempos um domínio me possui...
E não importa o quanto tenha que acordar
Para ver o sol murchar.

Meu sono sarcástico ocupa nosso tempo conjugado,
Teus passos são lágrimas, tua existência um veneno mortal,
Meu século é triste, nem tudo se explica.
Hoje você está tão distante de mim.

Faço do meu nada um nada para esconder,
Que enterro num passo ou num sonho.
Senão o fim ficará no então.

  
UM PALHAÇO À CHORAR”
(Kadjon)


Sem criança para rir, sem riso para viver,
Colhendo munição para minha própria morte,
E para minha dor deixo um abraço do tamanho de um laço
Que possa me enforcar e fazer suportar os dias que mais sofri.

Nesse circo que me prende, nesse círculo que me enlouquece...
Encontro motivos para tanto vão,
Nem mesmo o perdão com sua pureza disfarçada me contenta.

Como dias de uma vida que só passa, 
Que só enterra expectativas,
Que faz o que não sabe em busca de perfeição,
E não sabe que a mais pura perfeição chora e envelhece pelo espírito.

Sangro ao ver tamanha violência...
O pior não é a conclusão dos fatos, nem a derrota do sábio,
Mas, a reflexão de um mendigo.


AR DAS PEDRAS
(Kadjon)


Teatro mundo cria sol na terra,
Os barcos deitam na solidão,
Raios descem aos esgotos,
Sobre nuvens de poeira no chão.

Dos astros vem o laço do mal,
Nas flores de aço das ventanias,
Criando desdém no flúor dos ventres
E na virilha as agonias.

O suor, O sal, A silada,
O crime do riso, o perigo na estrada,
No véu do céu rasgado,
Chorado por lágrimas inventadas.

Assim surge o oxigênio do luar,
Devorando todo o ar das pedras,
No embrião sombrio do abandono,
Nas raízes das veias externas.
 

FILOSOFIA DOS SENTIDOS
(Kadjon)


Início,
Desgaste do enquanto ou proeza do final.
Sob vertigens constantes, Surtos sentimentais,
Sentido oposto, muito prazer.

Somos os outros o tempo inteiro,
Como cinzas ao relento, apenas por existir!
Esse medo estampado na cara
Mostra teu mundo camuflado de incertezas.

Mórbidas são vontades presas numa Oposição real.
Com isso o horizonte triste morre num aperto de mão,
Pela beleza do devaneio...

O futuro é muito feio e triste,
Sentir é respirar, dor de viver e nunca entender.
Um prólogo resultante de quimeras.


MORMAÇO
(Kadjon)


Na ginga da terra, na arte da poeira,
No grito do sertão, profecia do trovão,
Com toda seca e sofrimento, caatinga à virar mar,
De janeiro a dezembro, só desgraça!

Não insisto acreditar nos projetos do estado,
Cada dia que passa aparece uma desgraça.
Não insisto acreditar na paz do meu sertão,
O suor do empregado em baixo calão!

Lei inativa, sobrevivência no sertão,
Sem cultura, sem lazer e sem educação.
Lei inativa, na censura disfarçada,
Na seca do agreste, a tribo enganada.

Necessito de água para plantar,
De terras que produzam para se alimentar.
Acredito na coragem do sertão,
Fé cega do nordeste, Virgulino Lampião!


NO ESPELHO
(Kadjon)


Decadente corpo, imóvel.
Teu frio cinzento leva-me ao leito de suas lágrimas
E nesses instantes é o que me resta..
Como o horizonte das canções,
Nunca igual ao reflexo dos olhos,
Ou um porre qualquer, consolo meu.
A velha música do rádio não possui vida, nem dor.
E esse corpo decadente continua desesperançado.
A flor que o beija-flor matou,
A rosa que o sol secou,
O arco-íris que o verão levou
Fazem parte desse corpo...
Cicatrizes crucificadas no peito,
Saudades de uma era,
Na espera de um sorriso vulgar.
Pela janela vejo você, que voa e não me vê,
Quem sabe sou tua poluíção, teu corpo decadente.


POR VOCÊ
(Kadjon)


Vem,
Equilibrar-se na guerra dos beija-flor,
Dançar no meu salão de silêncio,
Abrir meus olhos e me amar.

Vem,
Admitir tuas intrigas, candear além mar, além de mim.

Vem, 
Mastigar minhas angústias...
Por você jurei morte ao universo,
Fiz do inverso meu dia mais claro,
Mais raro foi o meu viver.

Vem,
Alongar meu riso, ultrapassar nossas fronteiras,
Inventar meu caminho.

Vem,
Cala tua boca e cega-me outra vez.
É sempre por você...


NAS COLINAS... UMA CONSCIÊNCIA.
(Kadjon)


Por dentro um eremita, esquecido pelo mundo,
Pintando caminhos e saudades, 
Buscadas no fundo do meu esquecimento. ..
Meu amor nossa ética é como uma flor
Que pode ser esquecida no jardim da memória
E morta por não praticá-la.
Meu amor, perturba-me saber que somos capazes de andar-mos
Nas veias sujas de nós mesmos e tropeçar-mos além de nós.
Talvez minha flor de dor, talvez meu cansaço diante de tudo...
Meu erro absoluto.
Instinto que dorme, sonho que acorda...
Meu lixo na galáxia perdida,
Atlântico pintado de preto, ar de enxofre, terra de ninguém...
Meu ego chora, berra e cristaliza-se com o nada.
Insciência do meu ser!
Saber do intato, sentir no íntimo, essência de tudo.


AO LADO DA USINA
(Kadjon)


Seres vivos extintos pelo próprio sangue,
Metamorfoses de um poder inútil,
Falsos sorrisos, opção calada,
Que não inventei.

Semanas voam, pássaros se esticam no chão!
Da carne ao fanatismo...

Incomum, fora do perigo!
Sinal fechado, tudo para manter a desordem.
Ao lado da Usina minha casinha desmorona,
Meu amorzinho morre com isso.

Nem respiro, nem planto, nem invento,
Experimento o veneno social.
.

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