terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Reflexões Noturnas.

Há tempos...

    Fui esquecido há tempos, lembro-me desde memória que nunca houve amor, nem primavera. Sobrevivi dentro de um segundo, fincado na areia, e quando o vento passou fui arrastado por um pássaro que me enterrou profundamente. O acaso se eternizou com o sempre... O que era saudade aos poucos foi se perdendo junto com as lágrimas, que caíram sem destino. Sem destino aqui estou... Preso no transparente.
    Para ver a beleza do devaneio, minha quimera chora, meus olhos ressecam e há tempos um domínio me possui... Ando então pelos meus 20 anos, meu século é triste, nem tudo se explica.
    Há tempos me queixo, sim, e por que não? Existem coisas que não entendo e que também não quero entender... Um prólogo resultante de quimeras.


Seu veneno

     O pensamento e a solidão orvalham de uma nudez em trânsito com o sol... O sol que ilumina pelo contrário, muito pouco. Sou cheiro, incapaz do tato. Necessito de um tanto que possa traduzir o bastante, basta-me um sol puro, uma eterna alegria, mendigos sem nostalgia... Deficiência solitária, igualitarismo.
     Seu veneno é pecado e o pecado diante da gente não significa defeito. Como se houvesse uma explicação rara, que nem o próprio universo é capaz de me responder. Faz-me dormir e acordar, num pensamento nú que sente frio ao redor do gelo, do vento mais solitário que possa existir, da razão mais pobre que os livros possam contar...


Consciência

     Por dentro um eremita, esquecido pelo mundo, pintando caminhos e saudades, buscadas no fundo do meu esquecimento.
     No silêncio sei que o ego é estúpido. Brasileiro, africano, pombalense... Não importa o que sou, onde estou, com quem estou, por que, pra quê? Pra dizer o quanto o mundo é derrotado? Ou pra elogiar e aplaudir os seres humanos que causam insônia na natureza, que revoltada consegue vomitar tudo lhe oferecido?
     Não existe mais garoto sonhador, foi assassinado enquanto sonhava. Ninguém chora por isso, nem eu. Sinto pedra, dor bruta.
     Por fora um quadro mal pintado consegue refletir esse pensamento, meu amor nossa ética é como uma flor que pode ser esquecida no jardim da memória e morta por não praticá-la. Meu amor, pertuba-me saber que somos capazes de andar-mos nas veias sujas de nós mesmos e tropeçar-mos além de nós.
     Concupiscências...   
     Talvez minha flor de dor, talvez meu cansaço diante de tudo... Meu erro absoluto. Instinto que dorme, sonho que acorda, ruas que se fecham para mim, se fosse sempre assim ainda era bom.
     Meu lixo na galáctea perdida, atlântico pintado de preto, ar de enxofre, terra de ninguém...


Ainda você

     Lembro das vezes em que jurei ganhar um sorriso, você não finge, possui frieza como os oceanos, sim, foram reais...
     Sei que amamos, odiamos... Dias que não queremos mais acordar, instantes que não passam. Mas, o que é você? Importa-me saber, quero descansar numa sombra esquecida, dessas que vejo em cada solidão que sinto, em cada vontade morta pelos caminhos vagos que sou obrigado a passar...
     Das dores incompreensíveis, volto ao lugar que parei por um instante... Tentando achar algo nunca esquecido, mas, bastante para poder recomeçar sozinho. Ainda você, quanto você ganha por isso que faz? Quem te faz rir sem a menor graça? Diga-me quem?
     As piores diversões se concretizam por falta de verdades, de justiça, de coragem... Não esqueço que um dia fui grão, nem semente, nem preguiça, nem confusão! Não esqueço!



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

TRECHOS DE ENSAIOS: RUÍDOS DE GARAGEM SONGS


Cover do Camisa de Vênus



Saudando Raul Seixas