quinta-feira, 26 de junho de 2014

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Confira as datas da turne Gritando HC para agosto:



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São 22 músicas, com faixa bônus Esgoto ou Lama com a banda Cama de Jornal.
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terça-feira, 17 de junho de 2014

segunda-feira, 16 de junho de 2014

domingo, 15 de junho de 2014

quinta-feira, 12 de junho de 2014

quarta-feira, 11 de junho de 2014


A VIDA É UM MORANGO


Não queria uma vida agitada, jamais. Eram cinco da manhã e tinha que estar de pé. Aquele velho sonho havia se repetido. Não somos livres, quando achamos isso ainda somos escravos de nós mesmos, do silêncio e da palavra, tinha suado, a coberta molhada com aquele medo de perder o que nunca teve, mas a mente cobrava pelo silêncio, contei os dias futuros que teria que encontrar os mesmos olhos e o mesmo sorriso em minhas madrugadas inconscientes. Meus dedos tocaram a janela, ao abrir e ver a chuva fininha que caía decidi que não iria trabalhar, não naquele dia, talvez nunca mais, não, não iria ligar pra ninguém, falar com ninguém e nem dar satisfações a quem quer que fosse. Seria de mim, para mim, para a chuva e para o mar, mandei para o inferno o emprego, as coisas irritantes e todas as pessoas chatas que consegui lembrar naqueles instantes. Ouvi a música que tocava baixinho, me senti feliz dentro da infelicidade e decidi que ela também iria ficar ali o dia inteiro, não desliguei o aparelho. Procurei um casaco e um guarda chuva e mergulhei porta a fora por entre os pingos que caíam junto ao vento e terminavam ao chão leve como uma poesia doce tocando a alma adolescente e me dirigi em qualquer direção, o acaso me levaria. O dia seria daquele jeito, bonito e soturno. O acaso decidiu pelas ruas que eu nunca, ou somente algumas raríssimas vezes, havia passado. Eu decidi pela praia. Com certeza não haveria ninguém por lá.
As pessoas já movimentavam as ruas, o mundo quase não respira, o concreto nos fez parecer com ele, até a chuva molha carente de atenção. Acostumamos-nos a ser um produto, a peça que cumpre regras e horários, que toma formas não desejadas, que veste elegante e sorrir o branco perfeito da felicidade plastificada, que corre quando não pode mais andar, corpo e alma cambaleando, ambos se sustentando um no outro, vomitando alegria em sexo e cachaça. Pensei onde estaria agora a dona daqueles versos sem resposta, e pensando decidi não enxergar mais os prédios e comecei a ver dezenas de árvores gigantes, eu era um pequeno andarilho naquele mundo desconhecido, animais enormes passavam por mim mas não me tocavam, estava sendo o centro de mim mesmo. Flutuei. As ruas tornaram-se campos floridos entre as árvores. Dancei por entre os pingos de chuva lenta daquela manhã doce. Eu era rei. Enormes pássaros me cumprimentavam em revoadas. Era o mundo de lá, meu infinito... Mas onde estariam aqueles versos sem resposta? Estariam em uma gaveta num quarto desconhecido? Alguém ainda os lia? Seriam agora átomos dispersos? Talvez. O quanto às coisas podem ser passageiras, isso assusta. Era o carinho, tornou-se passado. Não responda uma pergunta, não aquela resposta esperada, se não vai seguir cale-se e não seja o que nunca foi. Agora eu não andava mais por entre as árvoresgigantes, aquele mundo passava por mim, me mantinha imóvel e tudo corria ao meu redor, os pássaros voavam na direção oposta e o céu desfez-se aos poucos em notas de um piano que vinha de uma casa aos arredores de onde eu caminhava. Já havia observado antes aquele ser de longe por uma janela, era um homem singular, suas notas eram de solidão e saudades, naquele dia eram notas de frio também. Parei um instante para ouvir. Ele descreveu meu mundo, minhas cores, minha procura. Meus olhos fitaram a parede quase sem cor trazendo a lembrança de um sonho intrigante onde eu andava por uma rua deserta e tudo ficava sem cor depois que eu passava, mas, era somente um sonho. Continuei a caminhada, a chuva continuava a escorrer pelo meu guarda-chuva. Era meu ser o conflito. A finalidade do meu desaguar em alma pelas ruas daquela manhã chuvosa se dissolveu na umidade. Nem sei se havia uma finalidade. Pensava em mais interrogações, exclamava por pontos finais ou de pausas, mas voltavam as malditas interrogações. A nota do piano ficara longe. Como eu poderia descrever a vida?
Desisti das definições teológicas e filosóficas. Cientificamente correto as vezes também causa enjoo, a tragédia grega não é bem vinda quando estamos diante do nosso inexplicável. A rua passou. A areia da praia chegava aos meus pés, não sabia quanto tempo tinha se passado desde o momento em que saí. Ventava forte, gelado, mas eu queria sentir. Não sentia saudades, talvez não. Apenas queria de volta aqueles versos sem resposta, depois deles não havia outros mais, precisava daquilo pra continuar. Precisava dos versos, queria destruí-los, apaga-los da história, queimá-los numa fogueira no quintal e começar de novo. Precisava pegar aquele passado e mostrar pra mi mesmo, e dizer não pense! Não escreva! Não fale! Meus pensamentos gritavam tão alto, em tumultos e discordâncias, que mesmo estando solitário olhei instintivamente para os lados, a examinar se alguém não tinha ouvido aquela guerra. Não estava sozinho. Um ser com a alma tão inquieta quanto a minha havia aproveitado a chuva para talvez, disfarçar as lágrimas e as interrogações a beira da praia. Aproximei-me devagar. Ao pedido de licença pra me acomodar ao lado recebi um gesto afirmativo com a cabeça. Tinha cabelos negros, algumas quase invisíveis, mechas verdes, acho que eram verdes. Os olhos me pareceram familiares, mas talvez isso fosse apenas devaneios meus. Perguntei seu nome, respondeu-me que precisava de silêncio. Calei-me. Ficamos imóveis longos quartos de horas, a chuva não parava. Parei de pensar em mim e comecei a tentar hipóteses sobre o que se passava por trás daqueles olhos em frente ao mar. Quem sabe chorasse, não percebi. O silêncio entre dois, mesmo desconhecidos, por incrível que pareça me incomodou. Questionei-me em pensamento porque havia saído ás cinco da manhã sob a chuva, sem direção, e parado naquela praia. Mas tudo em mim estava muito pesado. Olhei a moça ao lado, ela havia feito o mesmo que eu, e contra sua advertência sobre não querer conversar, perguntei o que achava sobre a vida. Após um minuto ela moveu-se, olhou-me e riu, em reposta me disse, a vida é um morango. Levantou-se e saiu. Não lembro quantas horas mais fiquei naquela chuva, não lembro quando voltei. Nunca mais a vi.
A vida é um morango. Fiquei irritado e intrigado com aquela afirmação por dias. Por que diabos a vida seria um morango? Ela teria uma explicação para aquilo ou seria apenas uma bobagem pra zombar da minha pergunta complicada e inútil? Depois de adultos começamos a viver o tempo todo tentando descobrir o segredo das crianças e tentando entender porque perdemos ele. Detesto morangos, eternamente detestarei morangos. São tão belos, bem que poderiam ser flores. Atraentes visualmente, mas em meu paladar eles não são interessantes, não entendo porque todos gostam tanto. E agora eles me perseguem. Estão por toda parte, em meu pensamento, estão lá me esperando nas minhas compras no supermercado, morangos voam em meu céu, chovem no meu telhado no inverno, vivo ouvindo e cantando morangos, às vezes me sinto um morango. Até me peguei outro dia comprando os tais, não para comer. Fiquei horas a observá-los, não achei neles nada de significativo para compará-los a uma vida. Mas a frase era tocante e tinha o poder de me acalmar. Sim, concordei comigo mesmo, me convencendo de que ela, a tal vida, era um morango e não necessitava explicação para isso. Jamais sairá da minha mente a afirmação daquela moça. Talvez ela tenha me tornado mais leve. Ah! Ela tinha que saber. Perdi aquele emprego naquele dia, mas valeu, descobri o suposto significado da vida. Ela se torna mais mágica e significativa quando estou cheio de problemas e lembro-me do que ela é. Se caso esqueço, o fantasma da garota desconhecida da praia sussurra em meu ouvido na madrugada após os sonhos agitados. Ontem brinquei na chuva. Hoje o mar está calmo e o céu limpo, muito azul, talvez aquela moça um dia apareça, quem sabe. A vida é um morango.
''Inspirado no mantra um tanto esquisito de minha amicíssima Jessica,que está me devendo a explicação desse troço"(risos)



(Márcio C. Mattos)

segunda-feira, 2 de junho de 2014

REVIVENDO O ROCK POMBALENSE: PARTE V


Esse é o primeiro Álbum da Dupla Rock and Roll da cidade de Ribeira do Pombal - BA. Lançado em meados da década de 90. Titulado como A Força das Pedras, o disco traz a nostalgica relação humana com a natureza, além dos clássicos romances da dupla. Abaixo o link para download. CONFERE: