quarta-feira, 10 de agosto de 2011

REVIVENDO O ROCK POMBALENSE: PARTE I

LETRAS DA ANOMIA:


MONOPÓLIO


Regras e leis traçam destinos
Padrão social transforma homens em coisas
Assim eles querem a sociedade quadrada
Pois assim eles tem marionetes
E não homens de verdade.
Filhos do estado, órfãos do sistema
Alienados a aceitar o que eles dão
Calados a ouvir o que eles dizem
Domesticados a fazer o que eles mandam


HERÓIS PARA QUEM?


Vestiram o real de fantasias
E por mãos sujas a história é manipulada
Ao fim do dia.
A igualdade racial não passa de teoria
E diante oportunistas de plantão
Os próximos suicídios se anunciam.
Das revoluções todas burguesas
Vejam camponeses escravos da nobreza
Operários jogados nas sarjetas
E moralistas em mesa de bar
A esperteza destruiu a esperança
E do passado já não lembram mais de nada
E que há muito o futuro acabou
Agora não há sonhos nem ideais
Com infâncias perdidas e padres bêbados no altar.


A GRANDE TRAVESSIA (IRONIA DE DESTINOS)


Valorize as aparências, perca as esperanças
Num cenário só de belas maravilhas
Esteja sempre só e se conquiste
Aliado a própria sorte com uma dose de preguiça,
Espere o paraíso em esquinas ou minas
Reclame-se o ridículo e nunca minta,
Comprometa-se com o otimismo
E não acredite em mendigos.
Não acredite que alguém possa se matar
Com os próprios gritos,
Não acredite que a miséria existe,
Não acredite que há alguém triste,
Esteja desprovido de certezas
Companheiro e inimigo de sutilezas
Não vigie seus passos e em decisões se precipite
Nessa sua travessia oculto de tudo
O escuro é para sempre o teu refúgio,
Milagres não existe, você existe.


CÂNTICO DO DIA


Sou humano comum, sou um Deus pálido,
Ando sozinho no destino que o descaso escolheu
Pertenço aos fracos desolados
E aos miseráveis amados 
Por um romance sarcástico.
A esperança sempre foi minha velha inimiga,
Não tive tarde bonita e nem um dia tranquilo.
Quando criança sem infância,
Desde pequeno sempre adulto.
Razão que pra vida nenhum dia sorriu.
Certo estou que apenas existiu
O começo de quem nunca viveu,
Só aprendendo a errar 
Com os desenganos de acertos
Que o mundo me deu.
Agora sou monumento sujo e arruinado
Preservado as enfermidades das elites de merda,
Desejosos estão eu sei
Deu ser a próxima carniça aplaudida,
Assim como outros injustiçados se foram.


UNIFORME


A moda é a grande droga que existe,
Livre-se dela se queres um final feliz,
Você nesse vício que destrói vidas,
Não se importa com que maneira o mundo
Anda, pensa ou diga.
Sei que a moda te persegue por onde você passa,
Vitrines, manequins para a liberdade escravizada.
Com tanta informação e nenhuma explicação,
Muita gente é por ela enganada.
Mas é bom que você saiba, não procurar desculpas
Por essa falsa imagem, nojenta e distorcida.
Eu sei que está sofrendo e sua vida agora é dor
Por você não conseguir mais copiar alguém.
Então abra os seus olhos,
Não abandone a tua gente,
Procure o teu meio, seja você mesmo!


ADMIRÁVEL MUNDO BRAVO


O silêncio denuncia, o escuro evidencia,
Não há como esconder, interessa saber,
Dos filhos de cães abençoados
E reis sem princípios no poder.
Que apostam vidas, omitem verdades
E vendem mentiras.
A cortina dos regimes opressores
Impérios e tiranos
Tentam esconder muitas crianças passando fome,
Não querem revelar o horizonte nada belo,
Como inocentes civis em chamas
Quando bombas nucleares enfeitam os lares.
A nova ordem mundial diz:
"Ultrapasse os outros, não sejas igual,
E crucifiquem o amor, seduzam o terror"
Nessa nova ordem mundial por riqueza
Proliferam fome, ódio, medo, epidemias e dor.


NAS RUAS AO REDOR


Disposição repressiva, passagem proibida,
Comandos policiais, força escondida,
Rumores iniciar, nas ruas ao redor.
Dispersão popular, correria militar,
Invasão, espancamento, violência em silêncio,
Não deixam reagir aos sofrimentos,
Somente choques e gemidos, 
Da censura para a tortura.
Nenhum direito mais existe...
Já é tarde o dia, já é triste a noite,
Não mais podem andar, como também não falar.


IDENTIDADE


Não venha me dizer como eu devo viver
Tenho um jeito próprio de ser.
Eu sou, quem sou na vida
E com os meus olhos consigo ainda ver,
Não vivo em função dos outros
E não te interessa o que eu quero ou deixei de fazer
Não foi a sua dor que me pariu,
Então dos meus problemas cuido eu.
E essa minha revolta diante do mundo,
Nunca irei de esquecer
E satisfações não devo a ninguém,
Fique com seus conselhos, 
Não quero mais me ferir.


FILHOS DE NINGUÉM


Flagelados repudiados, indigentes abandonados,
População indesejada, quase sempre inimiga.
Embaixo de pontes é refúgio de tantos,
Calados, reprimidos, sem direito, atenção.
Confinados sob tanto populismo.
Passam fome sob muita explicação,
O filhos do abandono, filhos da pobreza,
Filhos de ninguém.
Marginalizados por propostas mentirosas, estão
E por cinismo de promessas enganosas, então
E nada justifica tal situação,
Em qualquer lugar ou civilização
E como sempre há de resto a esperança
E como sempre é mais um próximo lixão,
Nem ao menos uma morte digna,
Nem ao menos a lembrança dessas vidas.


21 DE JANEIRO


Quantos já mataram? Tantos já morreram
Em nome de Alá, Buda, Cristo, Maomé
Assim manipulados como outros enganados 
Por dogmas, superstições e idéias de pecados.
Cristãos desunidos, desumanos
Judeus e Palestinos separados
Padres e pastores indiferentes forjam paz,
Com um amor sombrio e duvidoso.
Horrorizam muita gente obrigando como ratos
A mendigar migalhas de santidade.
São charlatões se dizendo salvadores.
Homens de carne, pobres coitados,
Entre santos, imagens e sentimentos mentirosos.
Vendem ilusões na abençoada hipocrisia,
A perseguição garante seus fiéis,
Criaturas ingênuas, desamparadas,
Na razão de salvação e paraíso,
Por fanatismo sacrificam seus próprios filhos.


CONCRETO GREGO


O dia foi curto pras despedidas,
Dos fracassos acomodados de vidas longas,
Com suas desgraças louvadas, ricas
Em abandonos e machucados,
Veneram a noite com sua crueldade,
Onde burgueses dormem aos beijos de boa noite
E viciados acordam aos sinos de longo sono.
Mulheres castradas, celebradas
Não verão lado claro no escuro,
Vagabundos apaixonados,
Madames desconsoladas
E amores decepcionados,
Sempre se vão possuídos 
Em suas estórias prostituídas.
São desse novos tempos as santificadas loucuras
E andarilhos de compassos 
Em vestígios dos insultados.
Nem terão retratos de um novo mapa,
Bons rapazes e sábios anciãos endividados
Por nada terem feitos
Em seus tempos miseráveis.
Quando homens nascidos pra sofrer e virar santos
A seguir onde calados vos querem,
Submissos vos querem,
Como nunca vos querem também.
...

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